Mais um ano, mais uma vez que os portugueses vão às urnas, e, por isso, estivemos à conversa com os potenciais representantes da Assembleia da República do concelho de Gondomar de modo a percebermos como são vistas estas eleições. As questões colocadas foram as seguintes: 1 – Como vê o facto de voltarmos a ir a eleições, um ano após as anteriores; 2- Qual será um bom resultado para o Partido? e 3 – Quais serão as duas principais medidas que o Partido vai propor para o Concelho de Gondomar?
AD – Aliança Democrática – Coligação PSD/CDS – Germana Rocha
1- Estas eleições legislativas antecipadas eram evitáveis, não fosse termos uma oposição irresponsável que se limita a dizer mal do governo sem apresentar alternativas credíveis para o país.
2- Um bom resultado é ganhar as eleições, em que a AD obtenha uma votação reforçada.
3 - Medidas para o concelho: Melhorar a rede de transportes públicos em Gondomar, designadamente com a ligação ao centro do concelho há muito prometida pelo PS e não concretizada. Promover a construção de Habitação a custos controlados e acessível, destinada especialmente aos mais jovens.
PS - PARTIDO SOCIALISTA - CARLOS BRÁS
1 – De certa forma é contranatura, isto é, os atos eleitorais são a essência da democracia, mas a democracia consubstancia-se em mandatos que devem, desejavelmente, ser cumpridos na integra. Não é fácil a um governo afirmar as suas opções num ano e de igual forma não é fácil às oposições afirmarem uma alternativa. Entendo que eleições com esta periodicidade levam a desinformação e a tomadas de posição baseadas e “sound bites” e perceções.
2- Para qualquer partido o desejável é vencer eleições ou pelo menos crescer em relação às últimas. No caso do PS, um partido de poder, o desejável é que vença e consiga assegurar condições de governabilidade e de estabilidade.
3 – Gondomar tem algumas especificidades, mas partilha também outros problemas com a Área Metropolitana do Porto e outros ainda com os municípios em geral.
No caso específico de Gondomar, tendo sido o PS a aprovar o grande investimento em mobilidade, impõe-se agora concretizar e implementar a nova ligação do Metro à sede do nosso concelho. A habitação, a economia e o crescimento do emprego e dos salários, a transição justa e sustentável com a correspondente descarbonização são objetivos partilhados com os municípios da AMP. Em geral Gondomar, deve em sede de ANMP reivindicar uma reforma da lei das finanças locais.
CHEGA - Rui Afonso
1 – O principal responsável por estarmos novamente em eleições é o Luís Montenegro. Não faz sentido nenhum depois de duas moções de censura apresentar uma moção de confiança, sabendo ele de antemão que o PS não ia aprovar a moção de confiança. Foi uma atitude propositada de Montenegro para levar o país a eleições.
2 - Trabalhamos sempre e esse é o nosso objetivo é sermos a primeira força em Portugal e sermos governo, esse será sempre o nosso objetivo primordial. Obviamente tudo o que seja subir e aumentar o nosso resultado será sempre bom para nós. Nunca estivemos tão perto dos outros dois partidos como estamos agora, mediante o que acontecer na campanha nós podemos aproximarmo-nos mais. Luís Montenegro é uma pedra no sapato da governabilidade, uma frente de direita nacional com Luís Montenegro está completamente fora de questão. Queremos ultrapassar a AD só assim conseguiremos atingir o nosso objetivo. Estamos a apostar muito na campanha eleitoral para ter uma campanha maior que o PS e PSD e o nosso objetivo é ter uma campanha forte. Não consideramos que haja possibilidade de haver um governo de direita com Luís Montenegro, achamos que não é possível. Estamos disponíveis para fazer um governo de direita, mas sem Luís Montenegro, com outra pessoa livre de suspeições e que possa assumir esse cenário sem essas linhas vermelhas.
3- Identificação do património devoluto em Gondomar para converter em habitação, é importante percebermos que o nosso país vive muito à conta do investimento público. O Estado é talvez o maior investidor do país. Não podemos deixar a “carne” para os construtores que querem construir pontes, estradas, hospitais, são obras que lhes dão grandes margens em termos comerciais e, uma vez que a habitação pública não é uma construção que lhes dê grandes margens isso não acontece. Ninguém tem interesse em construir habitação pública, o que sugeríamos era que os construtores que querem construir essas pontes, hospitais, tenham obrigatoriedade de ter uma quota para construir habitação pública. É perceber que as construtoras também possam ser responsáveis pela construção de habitação pública.
Fomentar o investimento privado, um presidente de Câmara tem de perceber que é o embaixador do estado e procurar investimento. Temos um concelho fantástico e completamente desaproveitado.
CDU – Coligação Democrática Unitária – Fátima Pinto
1 – Face aos acontecimentos que são conhecidos de todos, depois da questão da Moção de Confiança do Governo ter sido rejeitada, a solução era dar a voz ao povo português. No nosso entender é perfeitamente legitimo que assim seja, uma vez que vivemos num regime democrático, em que o voto é um dos instrumentos do ponto de vista democrático. Por outro lado, a CDU tinha uma posição clara acerca das políticas seguidas pelo governo, agora em gestão, das quais destaco desde logo a degradação dos serviços públicos.
2- Um bom resultado para a CDU, é sem dúvida o seu reforço eleitoral. Um resultado que consista num aumento de deputados da CDU na Assembleia da República e estamos confiantes que isso aconteça. Essa confiança consiste no reconhecimento que sentimos durante os contactos que fazemos, não apenas em Campanha eleitoral, mas durante todos os dias do ano devido ao nosso trabalho junto das populações e dos trabalhadores.
Todos os que fazem parte da nossa Coligação, estão diariamente nos mais variados locais em defesa de direitos das pessoas e em defesa dos serviços públicos.
Estamos lá todos os dias em defesa de melhores salários e pensões, em defesa do SNS, pelas melhorias dos transportes públicos de passageiro e pela questão que envolvem a habitação. E muito, muito mais.
Dou-lhe por exemplo a questão do Partido Ecologista “Os Verdes”, desde a sua não eleição para a Assembleia da República, as questões ambientais e ecológicas não tiveram as intervenções de quando estavam no Parlamento.
3 – São várias. No entanto a questão da mobilidade é uma prioridade. A situação do Metro para o centro do Concelho com passagem por Valbom é um assunto que há muito exigimos. Este é um assunto de maior importância para a população, que está sujeita ao transporte individual, por falta deste meio de transporte.
É incompreensível que o Concelho de Gondomar, seja o único junto ao Porto onde o Metro tarda a chegar. São milhares os gondomarenses que se deslocam para a cidade do Porto e daí para outros locais de forma individual.
Também a Linha de Leixões é uma prioridade para o Concelho e essencialmente para a Freguesia de Rio Tinto. Não é justo que esta linha que passa em quatro concelhos entre os quais Gondomar e não tenha um apeadeiro.
Depois, a questão da UNIR. Se alguma coisa possa ter sido retificada, face aos tempos conturbados no momento da inauguração, continuamos a defender que a STCP é a melhor solução para dar uma resposta não apenas ao nosso Concelho, mas sim a toda a Área Metropolitana do Porto!
LIVRE – Joana Espírito Santo
1 – Nesta situação em concreto parece haver um único responsável que é o primeiro-ministro, Luís Montenegro, num caso muito concreto que foi a situação da empresa Spinumviva em que teve várias hipóteses de esclarecer, foram apresentadas várias opções em relação ao destino que ia dar à empresa de acordo com o seu cargo, enquanto primeiro-ministro, e rejeitou todas essas opções. Ainda forçou uma moção de confiança que sabia de antemão que ia ser reprovada e mesmo assim persistiu nessa ideia e isso levou, inevitavelmente, a eleições.
2 – O LIVRE tem muitas oportunidades de crescer e de ter um bom resultado. Neste momento tem 4 deputados, estamos muito confiantes no distrito territorial do Porto como vamos aumentar a votação e aumentar o número de deputados. Temos a noção da pressão do voto útil, mas temos convicção nas nossas ideias, com um programa com cerca de 200 páginas, com a certeza de que as pessoas se vão rever nas propostas que apresentamos. Aumentar de 6 a 8 deputados seria uma boa marca.
3 – Em relação às medidas em Gondomar acho que a coesão territorial e transportes, questões de acesso à saúde que é um problema nacional e Gondomar não passa ao lado disso, todas as medidas de reforma do SNS, garantir cuidados de proximidade às populações, Gondomar não escapa à tendência nacional de uma tendência de ter uma população envelhecida é preciso garantir cuidados. Em relação à habitação a meta que temos é ter 10% de habitação pública até 2040, reduzir a especulação imobiliária, ter casas acessíveis, que neste momento em Gondomar já não são acessíveis com os rendimentos que têm. Os transportes, a ligação do Souto ao Estádio do Dragão é fundamental para que se perca a dependência do carro e referia uma estação de comboios, na nova linha que vai para Leça do Balio, em Rio Tinto.
PAN – Pessoas, Animais e Natureza - Manuela Carneiro
1-O facto de Portugal voltar a eleições legislativas apenas um ano após as anteriores pode ser visto como um sinal claro de instabilidade política. Independentemente da posição ideológica, temos algumas implicações como cansaço na população e descredibilização das instituições democráticas e os custos elevados para o Estado, são cerca de 25 milhões de euros. Esta instabilidade política pode afetar negativamente a perceção externa sobre o nosso país, com implicações económicas. Podemos também ver aqui alguns aspetos positivos, como permitir que o eleitorado reavalie a sua escolha à luz dos acontecimentos mais recentes.
2- Para o PAN, um bom resultado seria eleger 2 ou mais deputados, como em 2019, quando elegeu 4 e assim reforçarmos a nossa capacidade de influência nas votações parlamentares e aumentar a percentagem de votos, ultrapassando os 2% nacionais. Mais ambicioso seria eleger 5 deputados, mas dependeria de uma campanha forte e uma mobilização eficaz do eleitorado jovem e urbano.
3 – Sendo candidata pelo PAN no círculo do Porto e natural de Gondomar, teria
uma excelente oportunidade para propor medidas locais que reflitam os pilares do partido, como a sustentabilidade, bem-estar animal e justiça social. Relativamente à mobilidade, proporia uma ligação efetiva e sustentável do Metro do Porto a Gondomar (S. Cosme e Valbom), o acesso ao Porto continua dependente do automóvel ou de transportes rodoviários ineficientes, e uma ligação complementar com minibus elétricos entre zonas densas de Gondomar (Rio Tinto, Jovim, S. Cosme) e estações de metro existentes; na habitação, a criação de um programa municipal de reabilitação ecológica, com incentivos a privados e parcerias com cooperativas, desde que o destino seja arrendamento acessível, dando prioridade à reabilitação em vez de nova construção em solo virgem, respeitando a capacidade ecológica do território, há muitos edifícios devolutos ou em mau estado no centro de Gondomar, Rio Tinto, Fânzeres e Valbom, que poderiam servir para habitação acessível; no plano ambiental, um programa de financiamento nacional para regeneração ecológica de rios urbanos e periurbanos, abrangendo o Rio Douro, Rio Tinto e Rio Sousa; na causa animal, um financiamento para municípios que implementem medidas de serviço veterinário, esterilização e apoio alimentar animal para famílias carenciadas e propor uma Unidade Móvel de Saúde Animal e na educação, a implementação efetiva de opções vegetarianas diárias nas escolas públicas e ações pedagógicas sobre alimentação saudável e sustentável.
IL – Iniciativa Liberal – Carlos Costa
1 – Vejo como uma enorme irresponsabilidade, uma vez que os diversos indicadores apontavam que os eleitores não queriam estas eleições, irresponsabilidade essa que deve ser apontada tanto aos partidos da oposição bem como à coligação do Governo, que tomou a atitude de deixar, por via de uma moção de confiança, a decisão nas mãos de partidos irresponsáveis, à cabeça o Partido Socialista e o Chega. Só a Iniciativa Liberal teve o bom senso de ser o adulto na sala.
2- Continuar a trajetória de crescimento sustentado e obter um resultado que permita oferecer uma solução de estabilidade ao país, solução essa que deverá ter um acento tónico nas reformas que são tão necessárias para sair deste marasmo de estagnação.
3 – O mote da Iniciativa Liberal para estas eleições é “Acelerar Portugal”, que se traduz num conjunto de medidas que permitem, como disse, efetuar as urgentes reformas que são necessárias para tirar Portugal da estagnação e colocá-lo numa trajetória de crescimento. Sendo, na nossa opinião, que é baseada nos indicadores económicos disponíveis, Gondomar um retrato perfeito de um país estagnado, boa parte das medidas propostas no programa eleitoral da Iniciativa Liberal encaixam perfeitamente no que Gondomar também necessita, sendo que os Gondomarenses teriam imenso a ganhar com a execução das mesmas. Ainda assim, e tendo em conta os problemas maiores que temos identificado no nosso concelho, destacaria a reforma no paradigma dos licenciamentos, em particular relativamente a projetos no âmbito do urbanismo, e a redução do IVA da construção dos 23% para os 6%.
BE – Bloco de Esquerda - João Silva
1 - As próximas eleições resultam de uma crise política artificial provocada por Luís
Montenegro, ao apresentar uma Moção de Confiança que sabia ser derrotada e provocou a queda do Governo. Precipitou uma crise desnecessária para proteger uma empresa pessoal financiada por vários clientes que escondeu ao país.
O Bloco de Esquerda sempre alertou para as consequências das recentes crises políticas, que mantém em aberto problemas tão graves, concretamente a crise da habitação, saúde, salários e empregos, transição climática.
2 – Encaramos estas eleições com confiança, teremos a oportunidade de apresentar as nossas propostas políticas que representam uma alternativa que vão ao encontro do povo, que deseja MUDAR DE VIDA.
Crescemos em votos nas últimas eleições, queremos crescer mais nestas eleições, reforçando o Grupo Parlamentar com mais deputadas/os. Sabemos que o mundo mudou muito desde a última campanha, está mais exigente, a crise da habitação agravou-se, a crise dos salários agravou-se, a crise das desigualdades agravou-se. As respostas que temos de dar hoje são sempre mais exigentes e o Bloco de Esquerda vai estar á altura dessa exigência.
3- A primeira medida será melhorar a mobilidade, uma aposta do Bloco de Esquerda. Pretendemos melhorar a forma como os Gondomarenses se deslocam para o trabalho, com investimento em transportes públicos de qualidade e gratuitos, reduzir o tempo da deslocação e a poluição.
A segunda medida é combater a pobreza. A vida não é igual para todos, a média de salários situa- em mil euros. Os preços das rendas cresceram em Portugal, Gondomar não fugiu desta realidade, muitas famílias não conseguem pagar a renda, mesmo a trabalhar empobrecem, o cabaz básico alimentar está sempre aumentar, e muitas das famílias cortam em bens essências como a alimentação. As condições de vida degradam-se e a crise social instala-se.
Ter uma vida boa, é essencial, o combate para que tal seja possível será uma prioridade do Bloco de Esquerda.