Após a pandemia o grupo de Escuteiros 229 de Rio Tinto, o grupo de Escoteiros 267 Rio Tinto Gondomar, e o grupo 1189 Corim, juntaram-se, com o propósito de criarem um momento de união e de partilha entre os jovens. Desde 2022 que se realiza esse encontro, este ano inserido no Jamboree no Ar. Este ano a atividade realizou-se com um acampamento na Quinta das Freiras, em Rio Tinto.
“Em 2022 decidimos juntar-nos a uma atividade mundial que é o Jamboree no Ar. Percebemos logo no primeiro encontro que isto ia ser um sucesso, porque havia pessoas a vir de fora e numa brincadeira achamos por bem fazer na Quinta das Freiras, por ser um local mais central, lançamos o repto ao presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, na época, Nuno Fonseca, que nos respondeu logo de forma positiva. Esta atividade consiste em comunicações por via rádio, internet, é a maior atividade de escutistas do mundo”, conta Emanuel Silva, Escoteiro Chefe do Grupo 267 Rio Tinto Gondomar.
Além da Junta, marcou presença o Exército português, o Regimento de Transmissões, com telecomunicações, os Bombeiros da Areosa-Rio Tinto, com a demonstração de viaturas e do próprio quartel. Pela primeira vez marcaram presença as Guias de Portugal e a Fraternidade Nuno Álvares. A comida que sobrou foi dada à refood, e, ainda, realizaram uma campanha de angariação de alimentos para oferecer à Viva Animal, no âmbito de criar uma vertente de cooperação e solidariedade.
“O grande objetivo da atividade foi que os três grupos se conhecessem uns aos outros. Eles têm inúmeros ogos, o processo educativo está assente em diversos polos. O imaginário deste ano era o filme “Divergente”. A escola do mesmo era para que percebessem que divergente é o que realmente importa. É um momento de partilharem, conhecimento e para mostrarem a força que tem o escutismo em Rio Tinto, tirando os grupos desportivos somos o maior grupo”, refere Manuel Marques, Chefe do Agrupamento 229 de Rio Tinto.
O escutismo tem duas visões, a visão católica que pertence ao CNE (Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português) e para fazer parte dos escuteiros tem de ser católico e batizado, caso não tenha nenhuma ligação religiosa existem os escoteiros, ligados à AEP (Associação de Escoteiros de Portugal). O crescimento do escutismo em Portugal é diferente de acordo com o grupo onde se insere.
“As visões são diferentes das duas associações. A Associação de Escoteiros de Portugal está a crescer e os grupos que abrem em zona urbana são sempre grupos de grande procura, temos uma grande lista de espera, porque não estamos ligados à comunidade paroquial, não estamos ligados à religião. Somos uma comunidade que integra. Podemos receber todos sem ter o entrave paroquial. Vivemos muito com o poder local, estamos muito próximos da junta de freguesia, e estar próximo da população e das associações. No meio urbano estamos a crescer, no meio mais rural temos muitos espaços a fechar”, afirma Emanuel Silva.
Na vertente católica: “Há o entrave de a criança ser batizada. A sociedade cada vez mais não impõe a religião, deixa que sejam os jovens a decidir se querem ser batizados ou não, que se torna um entrave logo à partida. Não é um condicionante para a criança entrar, tem de haver um acordo entre os pais e a paróquia como ele irá frequentar a catequese ou à posteriori ser batizado. Caso não queira fazer isso tem sempre a outra opção da AEP. Temos crescido gradualmente, a oferta não é tão grande se não tivermos a componente religiosa”, menciona António Carvalho, Chefe do Agrupamento 1189 Corim.
O escutismo atualmente está a ser utilizado como tratamento, mas isso é um erro. “Independentemente de ter atestado médico ou não, porque o escutismo está a ser procurado pelos pais de crianças que têm hiperatividade, falta de atenção, e acham que os escuteiros é uma forma de o resolver. Mas o grupo de escuteiros não é um local onde os miúdos possam desgastar energia. O escutismo faz uma educação integral, desde a parte, física à espiritual. Conseguimos criar jovens que são sensíveis ao mundo que está à volta deles. Não é o conhecimento, porque o conhecimento vai-se adquirindo, visto que o escuteiro está habituado a assumir responsabilidades”, refere Emanuel Silva.
Quando ao Jamboree, na Quinta das Freiras, “é para continuar e esperemos ser mais para o ano. O principal objetivo é mesmo o encontro dos grupos e continuarmos a ser mais, quem vem tem de acrescentar e se adaptar a nós. Não vamos alterar a atividade para ter um crescimento maior”.