Luís Filipe Araújo venceu as eleições, no dia 12 de Outubro, com maioria absoluta. Após uma campanha eleitoral difícil, marcada pela divisão do Partido Socialista. Estivemos à conversa com o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar.
Como vê o resultado do Partido Socialista nas eleições autárquicas, que levou à sua maioria absoluta na Câmara Municipal de Gondomar?
Devo salientar que eram 10 candidatos, que foi um grande fator de dispersão de votos, completamente novo neste Município. É uma tendência que irá ficar. Para as presidenciais também iremos ter um número atípico de candidatos. Apesar disso conseguimos manter a maioria na Câmara Municipal. Foi muito importante o trabalho que o Partido fez nestes doze anos. O candidato foi, igualmente, fundamental no voto, porque a personalização é algo característico nas eleições autárquicas.
É uma vitória pessoal?
Sim, mas acima de tudo é uma vitória claríssima do Partido Socialista.
Acreditava na maioria absoluta?
Sabia que era possível. Pelos dados que fomos recebendo e pela reação no contacto com as pessoas. Tivemos dois meses intensos de contacto com as pessoas, não direi diariamente, mas quase. Foi um fator importante na nossa campanha. Claro que ouvi coisas menos boas, mas fazendo um balanço geral recebi muitas palavras de incentivo.
O resultado obtido pelo Carlos Brás foi uma surpresa?
Não foi surpresa (silêncio). Fomos tendo os nossos dados ao longo da campanha.
Ficou magoado com a decisão que o Carlos Brás tomou?
Claro, magoava qualquer pessoa e não sou exceção. Foi uma campanha dura. Para mim foi muito dura, tive momentos de maior dificuldade que tive de ultrapassar, mas não posso esquecer o que aconteceu. Não contava com esta atitude.
O mote da campanha era: “Confiança Renovada”, entende a vitória como um sinal claro de confiança ou de responsabilidade acrescida?
As duas coisas. Neste cenário ter um resultado, que considero, muito claro, é um sinal de confiança e de responsabilidade. A responsabilidade é, ainda, maior, quando temos um resultado destes: com uma maioria. É uma dupla sensação. Contudo estamos confiante no grande trabalho que vamos fazer, porque estamos com grande vontade de o fazer por Gondomar.
Sente que é uma oportunidade única?
Na política só temos uma oportunidade. Estive sempre muito consciente disso. Habitualmente, na política é assim. Foi-me dada uma oportunidade a mim e à minha equipa. Não nos podemos esquecer que os tempos são mais exigentes. A dimensão do resultado é equiparada à dimensão da responsabilidade.
Tendo em conta o que aconteceu nas tomadas de posse das Assembleias de Freguesia em que o PSD e o PS foram “aliados” na aprovação das listas, o PSD será o vosso parceiro preferencial de trabalho?
Tenho como princípio que quem ganha deve governar. Ainda mais nesta fase inicial. Quem está na oposição não deve ser um obstáculo, mas sim uma parte da solução. Teremos de ser mais dialogantes, sendo também o partido mais votado a seguir ao Partido Socialista, terá, claro, alguma prioridade inerente. O facto de dialogar é essencial.
Que estratégia tem para os próximos quatro anos?
Queremos continuar a apostar na qualidade de vida dos gondomarenses. Em relação à habitação vamos ter resultados já neste mandato, é uma garantia! Quero ter casas a classe média e para os jovens.
O metro é fundamental que esteja no terreno. Estou convencido que, pelo menos, estará em andamento. Sei que é uma decisão que não depende de mim, porque no que depende da Câmara o assunto está resolvido ou vai estando porque sempre que somos chamados para emitir parecer temo-lo feito. Não temos nada do nosso lado pendente. Quero muito que aconteça. O Primeiro-Ministro e o Ministro das Infraestruturas garantiram em ações de campanha em Gondomar que isso iria acontecer. O processo está em andamento é dar seguimento ao mesmo.
Onze anos enquanto vice-presidente da Câmara e cerca de nove meses como presidente, que carências encontra no concelho de Gondomar?
Se nos compararmos aos concelhos mais próximos neste primeiro anel da Área Metropolitana do Porto, temos algumas carências, alguns índices, que gosto menos, em especial em números. O rendimento médio das famílias gondomarenses não é o que eu gostava que fosse e temos de o melhorar. É preciso haver uma estratégia para que comece a alterar-se.
Quanto à mobilidade um gondomarense demora uma hora a chegar ao trabalho e uma pessoa que está na Maia demora 30 minutos, percebemos que é preciso fazer alterações. Por isso é que o metro é fundamental. Os transportes públicos e os transportes privados vão ser melhorados.
A extensão do pólis até Marecos, já há alguma data para o início da obra?
Não. A obra vai iniciar-se em breve, mas não consigo comprometer-me com datas, ainda temos de expropriar terrenos para a obra. Estamos numa fase muito embrionária, mas a obra vai acontecer.
O mesmo se reflete na concretização do Parque Urbano de Baguim do Monte?
Não, falta comprar os terrenos todos, ou expropriá-los, esse processo já está a decorrer. Tanto uma obra como a outra, não começam em Janeiro, porque não estarão prontos estes processos. Tenho consciência que é importante para a população. São duas intervenções emblemáticas. É uma carência que é preciso suprir, e como tal tudo iremos fazer para as concretizar.
A questão do estacionamento pago no centro do concelho. O que pretende fazer em relação a esta situação?
Estamos a avaliar o contrato. Depois desta avaliação criteriosa iremos reunir com a empresa concessionária e negociar a situação atual, que, realmente, é uma situação que não nos agrada.
Acha que irá conseguir que nos primeiros 15 minutos seja gratuito, como prometeu ao longo da campanha?
Estou a fazer tudo o que está ao meu alcance para que seja uma realidade.
Como está a “saúde financeira” da Câmara Municipal de Gondomar?
Está boa. A Câmara, neste momento, tem uma capacidade de endividamento de 70 milhões de euros. Não nos podemos esquecer que quando o Partido Socialista tomou posse não havia sequer esta, nem nenhuma outra, capacidade de endividamento. Isto revela o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido e os seus frutos.
Está a pensar utilizar essa capacidade de endividamento?
Estou a pensar propor a utilização dessa capacidade em projetos que sejam cruciais para o Município, como por exemplo aquilo que falei anteriormente, a extensão do pólis, o Parque Urbano de Baguim do Monte e, principalmente, a habitação.
Focando na habitação, qual é o plano do Executivo para combater esta problemática?
Se compararmos o nosso concelho ao de Gaia, por exemplo, que tem o dobro dos nossos habitantes, a nível de habitação social é muito aproximado ao nosso. Portanto, até já temos um número elevado de habitação social. Outra questão tem a ver com a habitação acessível, e nesse campo sim, ainda nos falta muita habitação. Obviamente que as casas que irão ser colocadas como habitação acessível não terão rendas de 50/60 euros, vão ter rendas de 400/500 euros.
Defende que a habitação acessível é mais importante, neste momento, que a habitação social?
Temos de ter respostas para os que precisam de respostas. Mas, hoje, o meu centro de preocupação não é esse. Para os mais desfavorecidos temos respostas, claro que precisam de algum melhoramento. Temos até frações que irão ser recuperadas para quem realmente precisa. Tendo como certo que, também, teremos de ser mais rigorosos na atribuição e no cumprimento desses contratos.
O centro das minhas preocupações é a classe média, que são pessoas que estão empregadas e estão desesperadas porque não conseguem pagar a renda são esses o centro das nossas preocupações.
Daqui a quatro anos quantas habitações acha que é possível ter construído?
Acho que é possível ter mil, que é o que está previsto na nossa estratégia local, tendo em conta que sei que será ambicioso. Nessas mil estou a incluir os fogos construídos e colocados pela Câmara, os que serão construídos pelas cooperativas e serão colocados no mercado e os fogos construídos por privados no âmbito da estratégia local, somando as várias componentes será possível chegar a um milhar.
Pretende realizar uma revisão ao PDM?
O PDM está em processo revisão. Quero no mais curto de espaço de tempo possível resolver este dossier.
É algo que o preocupa?
Sim. Claro que é. As novas equipas têm de pegar no “touro pelos cornos”, mas as indicações são muito claras: temos de fechar esse processo o mais depressa possível. Será bem feito, mas o tempo é um fator, já se fala disto há demasiados anos. Estive na revisão do PDM de 2015, a situação era semelhante e na altura conseguimos fechar em tempo recorde. Tenho consciência da dificuldade, mas sei que é possível.
Qual é a solução para a Rua Joaquim Manuel da Costa (Valbom)?
Já estamos a trabalhar nesse problema. Estamos a aguardar que os técnicos nos apresentem soluções. Retroceder não me parece que se faça sentido. Temos uma intervenção que foi concretizada. Precisamos de outros recursos viários para ser uma opção àquele recurso. Vou ouvir, sobretudo, as pessoas especialistas na matéria não vou tomar decisões baseadas em palpites ou por intuição. Vou esperar que me apresentem soluções porque a cidade de Valbom é um local que está a crescer até a nível de empreendimentos e terá implicações viárias muito importantes.
A sua forma de trabalhar será sempre esta: “ouvir primeiro os especialistas”?
Sim, irei sempre ouvir primeiro quem sabe do assunto. Um presidente de Câmara não pode trabalhar por palpites. Tem de ser sempre fundamentado, porque as decisões têm consequências na vida das pessoas, vou errar algumas vezes, tenho a certeza disso, mas quando tomar uma decisão quero que seja sempre fundamentada.
Em relação à concessão das águas de Gondomar, o que pretende fazer?
Como disse anteriormente, irei ouvir especialistas independentes e que consigam trazer informações para que possamos basear a nossa decisão em benefício dos gondomarenses. Queremos um serviço de água e de saneamento que têm de ser de alta qualidade e um valor mais baixo no fornecimento da água. Paralelamente temos de concluir a nossa rede de fornecimento tanto de água como de saneamento, temos algumas áreas, que com o crescimento do concelho, que precisam do saneamento.
Durante a campanha eleitoral mencionou que Gondomar carece de investimento privado. É uma das suas linhas de governabilidade?
Sim, Gondomar precisa de mais empresas, mais emprego qualificado, e por essa via podemos aumentar o rendimento das famílias, mas para isso precisamos de atrair as empresas para o nosso Município, estou muito empenhado em que tal aconteça.
O que irá fazer por isso?
Vendendo o território, tornando-o mais atrativo e amigo das empresas e empresários. Estamos ao lado dos nossos empresários. A questão dos licenciamentos, espaços disponíveis para construírem os seus armazéns, a celeridade terá de mudar com a ajuda de todos e iremos melhorar nesse aspeto. Queremos ter mais empresas, investimento e construção. Gondomar é um território de oportunidades e vamos crescer porque iremos trabalhar para isso.
Que mensagem final gostaria de deixar aos gondomarenses?
Estaremos unidos para fazer o melhor pela nossa terra. Convoco todos os que amam a nossa terra que nos ajudem nesta empreitada que temos pela frente, estou muito confiante em nós. O Executivo e os gondomarenses irão todos remar para o mesmo lado. Gondomar é de todos nós e só nós o podemos fazer evoluir e prosperar. O nosso compromisso é servir Gondomar todos os dias com rigor, dedicação, humildade e com muita muita entrega. O destino de Gondomar é ser um concelho prospero, coeso e justo. Estaremos aqui para dar o melhor por e para Gondomar.