
O auditório da Escola Secundária de Rio Tinto recebeu, a 21 de abril, Otelo Saraiva de Carvalho, estratega da Revolução dos Cravos, e Marisa Matias, cabeça de lista do BE às eleições europeias. Os convidados debateram o 25 de abril sobre a perspetiva de duas gerações.
Otelo Saraiva de Carvalho e Marisa Matias encerraram o ciclo de debates promovidos pela Câmara Municipal de Gondomar, no âmbito das comemorações do 40.º aniversário do 25 de abril de 1974. A 21 de abril, perante um auditório lotado, na Escola Secundária de Rio Tinto, o capitão de abril e a eurodeputada debateram o estado do país, quarenta anos após a revolução. Marisa Matias começou por citar Salgueiro Maia. “Há alturas em que é preciso desobedecer”, afirmou a candidata do Bloco de Esquerda às eleições europeias de 25 de maio. “Apesar de não ser nascida em 1974, recordo-me quando a eletricidade chegou à minha aldeia. Tinha três anos [nasceu em 1976] e foi uma das primeiras mudanças que senti”, disse Marisa Matias. Otelo Saraiva de Carvalho considerou-se um “doutorado honoris causa em 25 de abril” e lembrou histórias daquele dia de 1974. “Às 18h o Governo de Marcello Caetano rendia-se. Dei ordem para que fosse Salgueiro Maia a receber a rendição mas ele recusou. Acabou por ser o general Spínola, até porque Marcello Caetano não queria entregar o poder ao Salgueiro Maia”, lembrou Otelo. Durante o debate os convidados lamentaram o atual estado do país e apontaram decadências em vários aspetos sociais. “O retrocesso está a verificar-se, sobretudo no Estado Social”, referiu a candidata do BE. No final, os convidados colocaram-se à disposição para responder às questões do público
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Capitão de Abril inaugurou exposição na Junta de Rio Tinto
Otelo Saraiva de Carvalho marcou presença na inauguração da exposição “25 de abril” da Junta de Freguesia de Rio Tinto. O estratega da Revolução dos Cravos reencontrou Antero Ribeiro da Silva, presidente da delegação norte da Associação 25 de Abril, e Nuno Fonseca, presidente da Junta de Rio Tinto. Ao Vivacidade, Otelo recordou o momento mais difícil do dia da liberdade: “Foi tudo vivido com uma grande tensão e alegria. Não cheguei a ter receio que nada corresse mal, mas o momento mais complicado foi quando a fragata “Almirante Gago Coutinho” se aproximou do Terreiro do Paço. Foi uma hora agitada, mas as Forças Armadas tinham uma bateria pronta a metralhar a fragata, caso fosse necessário. Felizmente não foi”, disse Otelo Saraiva de Carvalho. Para Nuno Fonseca, a visita do ex-militar português à Junta de Rio Tinto foi motivo de orgulho. “Tenho uma grande estima por esta data, especialmente pelos Capitães de Abril, que são meus amigos. Abril nunca estará cumprido, porque a história não deve ser esquecida e com esta crise não podemos falar numa liberdade plena, mas uma das grandes conquistas de Abril foi, sem dúvida, o poder autárquico”, lembrou o autarca de Rio Tinto.